After

"Não me lembro mais qual foi nosso começo. Sei que não começamos pelo começo. Já era amor antes de ser." [Clarice Lispector]

Em um dia comum, cheguei para trabalhar no escritório da Zell Ambiental, como todos os dias. O dia era tão corriqueiro que não consigo nem ao menos ter ideia de quando isso aconteceu, se chovia ou se fazia sol, se estava calor ou se fazia frio. Eu apenas me lembro de que estava sofrendo por amor (mais uma desilusão amorosa), e meu amigo/confidente/irmãozinho (Danilo), depois de ouvir pacientemente todo o drama do final de semana, me revelou: "Você precisa parar de sofrer por esses caras. Tenho um amigo que é a sua cara. Ele só tem 1 defeito - ele namora há 7 anos".
Quem aí tem juízo sabe que não existe a menor probabilidade de se relacionar com um cara que namora há 7 anos sem quebrar a cara, né? Pois eu já estava bem o suficiente de caras-problema, então ignorei a mensagem do meu cupido particular e segui na minha sofrência atual, porque pelo menos o boy-desilusão da época era solteiro e eu não ia correr o risco de ser assassinada por uma namorada ciumenta (e convenhamos, ser a outra nunca foi muito o meu forte).
Passado algum tempo (semanas? meses? ano? não tenho a menor ideia), meu amigo Danilo veio com o papinho "Você não acredita, aquele meu amigo que é a sua cara está solteiro! Preciso apresentar vocês dois!" Eu já não estava mais sofrendo da tal desilusão amorosa nessa época (ou até estava, porque sofrer por amor na juventude nunca é demais), mas eu não quis MESMO saber daquela pessoa que, finalmente depois de 7 anos, estava solteiro. Eu estava em uma fase pro namoro - ele, com certeza, estava para a curtição. E eu não queria mais sofrimento porque meu repertório de músicas de corno/sofrência estavam bem limitados e os potes de sorvete da depressão para assistir Netflix na madrugada já tinham me levado a engordar alguns quilos. Ignorei a proposta, vida que segue.
Mas como desgraça de pobre nunca é pouca, o dito cujo resolveu o que? Me adicionar no Facebook. Ele estava livre, leve e soltinho da silva, cêis acham mesmo que ele ia perder uns beijinhos com uma desesperada assim de graça?
A gente dá aqueles truquinhos de ignorar no começo, quando vê que o boy só quer curtição. Mas aí ele vem com um papinho aqui, outro alí, a gente se fala a semana inteira sem parar, e, quando menos percebe, a gente se pega sorrindo quando recebe uma mensagem dele no meio do dia (burra, burra, burra!).

Ana Laura Vassoler

42 chapters

16 Apr 2020

Apenas uma introdução

June 21, 2013

|

Ana Laura, São Paulo (Brasil)

"Não me lembro mais qual foi nosso começo. Sei que não começamos pelo começo. Já era amor antes de ser." [Clarice Lispector]

Em um dia comum, cheguei para trabalhar no escritório da Zell Ambiental, como todos os dias. O dia era tão corriqueiro que não consigo nem ao menos ter ideia de quando isso aconteceu, se chovia ou se fazia sol, se estava calor ou se fazia frio. Eu apenas me lembro de que estava sofrendo por amor (mais uma desilusão amorosa), e meu amigo/confidente/irmãozinho (Danilo), depois de ouvir pacientemente todo o drama do final de semana, me revelou: "Você precisa parar de sofrer por esses caras. Tenho um amigo que é a sua cara. Ele só tem 1 defeito - ele namora há 7 anos".
Quem aí tem juízo sabe que não existe a menor probabilidade de se relacionar com um cara que namora há 7 anos sem quebrar a cara, né? Pois eu já estava bem o suficiente de caras-problema, então ignorei a mensagem do meu cupido particular e segui na minha sofrência atual, porque pelo menos o boy-desilusão da época era solteiro e eu não ia correr o risco de ser assassinada por uma namorada ciumenta (e convenhamos, ser a outra nunca foi muito o meu forte).
Passado algum tempo (semanas? meses? ano? não tenho a menor ideia), meu amigo Danilo veio com o papinho "Você não acredita, aquele meu amigo que é a sua cara está solteiro! Preciso apresentar vocês dois!" Eu já não estava mais sofrendo da tal desilusão amorosa nessa época (ou até estava, porque sofrer por amor na juventude nunca é demais), mas eu não quis MESMO saber daquela pessoa que, finalmente depois de 7 anos, estava solteiro. Eu estava em uma fase pro namoro - ele, com certeza, estava para a curtição. E eu não queria mais sofrimento porque meu repertório de músicas de corno/sofrência estavam bem limitados e os potes de sorvete da depressão para assistir Netflix na madrugada já tinham me levado a engordar alguns quilos. Ignorei a proposta, vida que segue.
Mas como desgraça de pobre nunca é pouca, o dito cujo resolveu o que? Me adicionar no Facebook. Ele estava livre, leve e soltinho da silva, cêis acham mesmo que ele ia perder uns beijinhos com uma desesperada assim de graça?
A gente dá aqueles truquinhos de ignorar no começo, quando vê que o boy só quer curtição. Mas aí ele vem com um papinho aqui, outro alí, a gente se fala a semana inteira sem parar, e, quando menos percebe, a gente se pega sorrindo quando recebe uma mensagem dele no meio do dia (burra, burra, burra!).

Depois de muitos dias assim, uma ligação aqui, uma graça alí, uma curtida na foto despretensiosa, eu estava em um happy hour com nosso cupido Danilo, e, após algumas cervejas, convidamos o dito-cujo para se juntar a nós. Eu queria poder dizer que quando ele chegou meu mundo se iluminou, os anjos cantaram, uma ópera começou a tocar quando nosso olhares de encontraram, e foi amor à primeira vista. Mas a verdade é que eu tinha bebido cerveja demais, minha maquiagem já estava borrada, tinha um cara tocando um pagode bem ruim no bar e o perfume de fundo era de oleo de fritura de 1 semana. É, amigos, essa é a realidade nua e crua.

Passamos a noite naquela enrolação de sorrisinho aqui, encosta no braço alí, ri de uma piada que não tem graça nenhuma. E resolvemos, todos, ir para uma balada de pagode (Santa Aldeia). Entre uma cerveja e outra, uma dancinha juntos e um chicletinho, plim, o primeiro beijo. Escrevendo aqui, eu ainda consigo me lembrar da sensação do braço dele na minha cintura enquanto dançávamos um pouco, e do cheiro de cerveja + chiclete que ele tinha quando me beijou pela primeira vez. Alí, naquele momento, naquele beijo, naquele cheiro, naquele abraço, eu tive certeza de que não nos desgrudariamos mais.

Ele está dormindo (e roncando) aqui do meu lado enquanto eu relembro esses momentos e digito esse texto. Obrigada, Danilo, seu amigo é realmente a minha cara!

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